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corrida

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Matéria originalmente publicada na edição 43 da Revista SuperAção

Fernando Evans

SuperAção apresenta o nascimento e a evolução do atletismo no Brasil

Pelas mãos, ou melhor, pelos pés de ingleses e alemães, o atletismo brasileiro ganhou vida. Imigrantes dos dois países foram os pioneiros do esporte organizado no Brasil. Segundo registros, em 1880 já existia, no Rio de Janeiro, o Club Brasileiro de Cricket, onde se faziam apostas para corridas a pé, realizadas entre jogos de críquete e, provavelmente, de golfe. Em São Paulo, o primeiro clube a ser fundado foi o São Paulo Athletic, em maio de 1988. De início, apenas para a prática do críquete, mas, posteriormente, também para corridas pedestres, ginástica, golfe e futebol. Além desses dois clubes surgiram ainda, em São Paulo, o Club Alemão de Ginástica (1888), Associação Atlética Mackenzie Collage (1898), Sport Club Internacional (1899) e Club Atlético Paulistano (1900); em Niterói, a Rio Cricket and Athletic Association, por volta de 1899; e em Porto Alegre, várias agremiações dirigidas por alemães, dedicadas à ginástica, jogos com bola e provas atléticas.

De acordo com dados da época, em todos esses clubes surgidos no fim do século 19, o atletismo era praticado de forma descontínua, não obedecendo muito às normas traçadas na Inglaterra. Data de 1907 o primeiro livro, editado pela Livraria Garnier, com regras oficiais para diversos jogos e esportes, inclusive o atletismo. Cerca de três anos depois, em São Paulo, essas regras já eram observadas em torneios regularmente disputados em vários clubes e colégios.

No ano de 1914, o jornal ‘O Estado de São Paulo’ patrocinou o Campeonato do Atleta Completo, conjunto de 12 provas para cada concorrente. A competição, uma espécie de dodecatlo, foi realizada no Clube Espéria e vencida pelo dinamarquês Islovard Rasmussem, cabendo ao brasileiro Amadeu Saraiva o segundo lugar. A partir de 1918, com uma corrida de 24km pelas ruas de São Paulo, patrocinada pelo mesmo jornal e denominada ‘Estadinho’, o atletismo ganhava novo interesse.

Três anos depois, foram publicadas as primeiras regras internacionais, seguidas por todos os clubes brasileiros, com o Club Atlético Paulistano inaugurando o primeiro estádio de atletismo construído no Brasil. Pela mesma época, iniciaram-se as disputas interestaduais Rio-São Paulo e uma série de torneios com atletas argentinos e uruguaios. Desde então, sobretudo por sua participação em Jogos Olímpicos, Pan-Americanos e Universitários, o Brasil procura acompanhar de perto o atletismo mundial.

De acordo com registros da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), a primeira competição nacional foi o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, em 1929, sendo que a última edição desse evento foi disputado em 1985. Já o principal evento de pista do País, o Troféu Brasil, foi criado em 1945 e é realizado até hoje.

A IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo) foi criada em 1912, durante os Jogos Olímpicos de Estocolmo, na Suécia. O Brasil está filiado à entidade desde 1914, primeiro pela antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que naquela época dirigia quase a totalidade das modalidades esportivas nacionais. No entanto, o atletismo foi desmembrado da CBD oficialmente no dia 2 de dezembro de 1977, quando foi criada, no Rio de Janeiro, a CBAt. Em 1994, por decisão da Assembléia Geral, a sede foi transferida para Manaus.

O primeiro presidente da CBAt foi Hélio Babo (RJ), que ficou no cargo até a eleição de seu sucessor, Evald Gomes da Silva (SP), em 1984. Em janeiro de 1987 houve a escolha do atual presidente, Roberto Gesta de Melo (AM). No total, a entidade representa, além das 27 federações estaduais, mais de 500 clubes, 20 mil atletas, 900 árbitros e 700 técnicos federados.

Segundo o seu site oficial, a CBAt realiza, de forma direta, pelo menos uma dezena de competições anuais de caráter nacional. Isto, em todas as categorias – adulto, juvenil (até 19 anos) e menor (até 17 anos) – e modalidades do atletismo. Na história da IAAF, apenas três campeonatos mundiais foram realizados na América do Sul. Destes, dois foram organizados pela CBAt: o Mundial Feminino de Corrida de Rua, em 1989, no Rio de Janeiro, e o Mundial de Maratona em Revezamento (Ekiden), em Manaus, em 1998.

O ‘boom’ das corridas de rua no Brasil aconteceu na década de 80, tendo como um dos marcos a Maratona do Rio de Janeiro de 1980. Desde então, o crescimento das provas tem sido progressivo. Hoje, com a atuação de entidades como a Corpore, o estado de São Paulo conta com alguns dos mais populares e bem organizados eventos do País. De modo geral, as competições promovidas pelos estados do Sul e Sudeste têm se destacado ao longo dos anos.

São Silvestre

Falando de história da corrida no Brasil, fica impossível não mencionar a mais tradicional prova de rua do País. Criada pelo jornalista Cásper Líbero, que se inspirou em uma corrida francesa, nascia, em 1924, a São Silvestre, disputada na noite do dia 31 de dezembro pelas ruas de São Paulo, marcando a virada do ano. O nome é em homenagem ao Santo do dia.

Diferentemente do que acontece hoje, a prova, sinônimo de festa entre homens e mulheres na capital paulista, iniciou sua trajetória permitindo apenas a participação de homens. O primeiro vencedor foi Alfredo Gomes.

A São Silvestre foi sofrendo transformações ao longo dos anos. Até a 20ª edição, tinha a participação apenas de atletas brasileiros. A partir de 1945 ganhou a presença internacional, com competidores dos vizinhos Chile e Uruguai. Foi o estopim para a chegada de outros corredores das Américas, europeus, africanos e asiáticos.

Em 1975, foi criada a competição feminina, no mesmo ano em que a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu o Ano Internacional da Mulher. A primeira campeã foi a alemã Christia Valensieck.

O final dos anos 80 e começo dos anos 90 ficaram marcados pelas mudanças de ordem técnica. Em 89, os organizadores inverteram o sentido do percurso e separou-se a corrida masculina da feminina, dando mais enfoque a ambas. O horário também mudou. Ao invés de largar à noite, a prova começou a ser disputada à tarde. Já em 1991, a distância chegou aos atuais 15 mil metros. A alteração aconteceu para atender às especificações da IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo). E as novidades não pararam por aí. Em 1998, os corredores da São Silvestre passaram a usar chip para cronometragem e a organização da prova abriu as duas pistas da avenida Paulista para a chegada.

Olimpíada

A primeira participação do atletismo brasileiro em Olimpíada aconteceu nos Jogos de Paris, França, em 1924. Já o primeiro resultado importante veio em Los Angeles, Estados Unidos, nos Jogos de 1932, com o sexto lugar de Lúcio de Castro no salto com vara. No total, o esporte soma 13 medalhas olímpicas: 3 de ouro, 3 de prata e 7 de bronze.

O maior atleta olímpico do Brasil é Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão no salto triplo. Quando chegou a Helsinque, em 1952, ele já tinha fama internacional por ter sido o primeiro homem a ultrapassar a barreira dos 16m: seus 16,01m, marcados meses antes, eram o recorde mundial da modalidade. Adhemar bateu essa marca quatro vezes no mesmo dia (16,12m, 16,09m, 16,22m e 16,05m) e saiu do Estádio Olímpico como herói, recordista mundial e olímpico. A medalha de ouro do triplista não foi a única do atletismo brasileiro: José Teles da Conceição ganhou o bronze no salto em altura. Quatro anos depois, em Melbourne, Adhemar estava de volta como o homem a ser batido. Não foi. Saltou 16,35m, bateu o recorde olímpico, levou sua segunda medalha de ouro consecutiva (a única medalha brasileira naquela Olimpíada) e entrou de vez para a história. Adhemar ainda disputou os Jogos de Roma, mas, já veterano, não conseguiu classificar-se para a final.

O salto também colocou na história do esporte nacional a atleta Aida dos Santos. Em Tóquio, no ano de 1964, ela registrou 1,74m no salto em altura e ficou com o quarto lugar, a melhor colocação individual de uma brasileira nos Jogos Olímpicos até hoje. O feito merece maior destaque pelo fato de Aida competir sem técnico e com uma torção no pé, sofrida durante as eliminatórias.

Quatro anos mais tarde, em 1968, o Brasil descobriu que Adhemar Ferreira da Silva tinha um sucessor no salto triplo: Nelson Prudêncio marcou 17,37m e só perdeu a medalha de ouro no último salto do recordista mundial Victor Saneev. Voltou da Cidade do México com a prata e o recorde sul-americano. Quatro anos depois, Prudêncio ganharia a medalha de bronze nos Jogos de Munique.

O salto triplo era uma prova para brasileiros. Nelson Prudêncio ainda não tinha se aposentado quando o jovem João Carlos de Oliveira assombrou o mundo, em 1975, ao saltar 17,89m nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México, um recorde mundial que levaria quase 20 anos para ser batido. João do Pulo, como o triplista ficou conhecido no Brasil, e Prudêncio estiveram nos Jogos de Montreal, em 1976, e João ganhou o bronze, feito que repetiria quatro anos depois em Moscou.

Em Los Angeles, em 1984, o Brasil viu surgir seu único campeão de pista na história. O jovem Joaquim Cruz, com o tempo de 1min43, cravou o recorde olímpico nos 800m e voltou para casa com o ouro. Quatro anos depois, na Coréia do Sul, Joaquim ganharia a medalha de prata na mesma modalidade (Zequinha Barbosa acabou em 6º nos 800m), enquanto Robson Caetano ficaria com o bronze nos 200m.

Nos Jogos Olímpicos de Atlanta, o atletismo conquistou o bronze com o revezamento 4x100m formado por Robson Caetano, Arnaldo de Oliveira, André Domingos e Edson Luciano. O revezamento 4x100m, com Edson Luciano, Vicente Lenilson, André Domingos e Claudinei Quirino, também ficou com a prata em Sydney-2000.

A última conquista olímpica está gravada na memória dos brasileiros e do mundo. A medalha de bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima, na maratona em Atenas, no ano de 2004, teve sabor de ouro depois que o atleta, que foi derrubado durante a prova pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan, se recuperou e chegou festejando a terceira posição e se consagrando como campeão moral.